Hip Hop: "ContraCultura"
Foto: (CC BY-SA) Mídia Fora do Eixo
A
Cultura Hip Hop é modo de vida dos jovens do Sul do Bronx na década de
70, e como tal emerge dentro de um contexto social, econômico, político e
cultural. Para entendermos melhor o Hip Hop é importante ressaltar a
característica do bairro onde essa cultura surge. O Bronx, na década de
70, era um bairro habitado principalmente por negros, latinos, asiáticos
e europeus, e por ser um bairro de invasão era um bairro pobre e sem
estrutura. A partir dessas últimas características é possível entender
porque a juventude do Bronx passa por um processo de, através do
compartilhamento das diversas culturas do bairro, criar os seus próprios
meios de vida e expressão.
As
Block Parties são os encontros que conseguem confluir várias dessas
expressões e a partir destas se fortalece um modo de vida desses jovens,
fundadas principalmente em costumes próprios daquela população e nas
expressões artísticas que depois vieram a ser conhecidas como Hip Hop.
O
Hip Hop surge como um meio de, não tendo acesso a outras vias
culturais, de entretenimento e de conhecimento, criar os próprios meios
para tal. Dessa maneira o Hip Hop surge como contracultura,
principalmente por valorizar as expressões, artes, pensamentos e visões
de mundo de uma parcela da população Norte Americana radicalmente
discriminada. Em meio aos reflexos da propaganda do American Way Of
Life, o Hip Hop emerge com um posicionamento de conquista de respeito e
visibilidade por um viés quase extremamente oposto ao que a sociedade
americana pregava naquela época.
Com
a percepção por parte da indústria do poder de mercado que esta cultura
tinha, ocorreram duas principais ondas de investimentos no Hip Hop,
inicialmente pela via da Dança (Breaking) e depois o Rap, o que de certa
forma levou a um enfraquecimento das bases de contraposição que
anteriormente o Hip Hop mantinha. Nesse sentido é válido ressaltar que a
contraposição não passava necessariamente pelo discurso, mas
principalmente pelo fato de não se enquadrar ou acatar a lógica e às
demandas do mercado. Porém uma grande parcela de artistas e admiradores,
a essa época já espalhados mundo a fora, mantiveram o raciocínio "do
yourself" que norteou os primórdios dessa cultura.
Por
uma questão de raízes, mesmo que em determinados momentos alguns
artistas do "Hip Hop" se enquadrem na lógica e nas demandas do mercado,
desconsiderando muitas vezes os princípios do Hip Hop, é mantida viva a
posição de contracultura. Essa posição permanece principalmente pelo
fato do Hip Hop ser uma cultura que, por princípios e formação, prioriza
a autonomia do indivíduo através da busca do conhecimento. Se bem
estudados e compreendidos, os conhecimentos gerados pelo Hip Hop e
aqueles que são desdobramentos desta cultura, se transformam numa imensa
lente pela qual se desenvolvem amplas visões de mundo e de vida.
Isso
se torna um dos maiores elementos de posicionamento do Hip Hop como
contracultura, afinal vivemos uma era onde as visões de mundo e vida são
cada vez mais reduzidas e manipuladas. Os indivíduos têm cada vez menos
autonomia no desenvolvimento de suas identidades, portanto menos
liberdade cultural. Por isso aqueles que vivem a cultura Hip Hop, e de
fato buscam explorar o universo envolto nesta, tendem a lutar para viver
além das determinações culturais vigentes.
Hip Hop a Cultura é Eterna!
#CaminhoDeZion